domingo, 15 de junho de 2008

O batuque

O Batuque é um culto afro-brasileiro (por que não dizer afro-gaúcho), com influência sudanesa, onde são cultuados 12 Orixás. Os Orixás são espíritos naturais, a própria encarnação da natureza, que se utilizam do Cavalo-de-Santo para se manifestar na terra, trazendo suas características sob influência da Mãe Natureza. Estes Orixás são: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. Podemos dividir estes Orixás em dois grandes grupos: os Azedos, de Bará até Xapanã e os Doces de Oxum a Oxalá, características estas que são representadas em suas oferendas e manifestações na terra, os azedos ao se manifestarem são mais bruscos e levam em suas frentes ou oferendas o Epô (azeite de dendê), já os doces quando chegam no mundo são suaves e na sua grande maioria mais velhos e o mel é o que melhor os representa, neste enfoque.
Ainda encontramos outros subgrupos identificados em alguns Orixás com o primeiro nome, seguido de um segundo, como por exemplo:
Bará:
Bará Legba, Bará Lodê, Bará Lanã, Bará Adaqui e Bará Agelú
Ogum:
Ogum Avagã, Ogum Onira, Ogum Olobedé e Ogum Adiolá
Iansã:
Iansã, Oiá Timboá e Oiá Dirã
Xangô:
Xangô Agandjú de Ibedji, Xangô Agandjú e Xangô Agogô
Xapanã:
Xapanã Jubeteí, Xapanã Belujá, Xapanã Sapatá
Oxum:
Oxum Pandá de Ibedji, Oxum Pandá, Oxum Demun, Oxum Olobá e Oxum Docô
Iemanjá:
Iemanjá Bocí, Iemanjá Bomí e Nanã Borocum
Oxalá:
Oxalá Obocum, Oxalá Olocum, Oxalá Dacum, Oxalá Jobocum e Oxalá de Orumiláia.
Estes segundos nomes dos Orixás poderemos explicar como se em nossa vida terrena, fosse uma classificação por idade ou até mesmo sua área de atuação. Existem ainda um terceiro nome que cada Orixá identifica no jogo de Búzios, este nome passa a ser a identificação secreta, que cabe apenas ao Pai-de-Santo, ao filho e ao Orixá obviamente, ficando o Orixá com três nomes: como por exemplo Bará Lodê Beí, este terceiro é o segredo. Os Orixás que não possuem a subdivisão, o segredo passa a ser o segundo nome, exemplo: Ossanha Ossí
Assim como nomes, cada Orixá tem seu tipo de ave, seu tipo de animal de quatro patas e seu tipo de oferenda.
O Orixá sem ser em festas ou obrigações (rituais) que veremos a seguir, se comunica com seus fiéis através do Ofá (jogo de Búzios), utilizando as mãos e intuição de um pai ou mãe-de-santo. O jogo de Búzios é a principal, eficaz e mais rápida ferramenta, de sabermos sobre o mundo, necessidades de homens e dos próprios Orixás, a fim de melhorar o andamento das coisas.
Toda pessoa ao nascer recebe um Orixá na cabeça, outro no corpo, este casamento de Orixás, da cabeça com o corpo, denominamos de Adjuntó, e em alguns casos nas pernas, pés e assim por diante, este Orixá é visualizado quando é jogado os búzios pelo Pai-de-Santo, que também ficará sabendo, normalmente neste jogo, se esta pessoa necessitará fazer alguma Obrigação religiosa ou apenas um simples trabalho, não tendo que se comprometer mais a fundo com a Religião.
A Família Batuqueira
Dentro de uma Casa de Religião (Batuque) encontramos uma verdadeira família, como as de padrão convencional. Em primeiro lugar encontramos o Pai ou Mãe-de-Santo, posição máxima, esta pessoa que através das ordens do seu Orixá de cabeça, organiza e aconselha a vida religiosa e muitas vezes material de seus filhos-de-santo, que são irmãos entre si, os irmãos-de-santo do Pai ou da Mãe, são os tios e assim por diante, como em nossa família.

A festa

A festa
Após as obrigações cumpridas e encerrada a Levantação (nome dado ao término das obrigações pois como diz a palavra, será levantado todas as frentes que ficaram em um determinado tempo dentro do Quarto-de-Santo), será tocada a Festa, o Batuque.
Normalmente como em uma festa social, muitos convites foram distribuídos para outras Casas de Religião, fiéis e até mesmo curiosos.
O Pai ou Mãe-de-Santo, ajoelhado em frente ao Quarto-de-Santo, juntamente com todos seus filhos e demais convidados de Religião, tocando a sineta, faz a chamada de todos os Orixás de Bará a Oxalá com suas saudações específicas, pedindo a cada Orixá as coisas que a Eles competem. Terminada a chamada, o Pai-de-Santo autoriza o tamboreiro a começar o toque, que correrá em ordem de Bará a Oxalá. Todos que estão na roda dançam com as características de cada Orixá ao qual está sendo tocada a Reza, como por exemplo na reza do Bará, todos dançam como se abrindo portas com uma chave em punho na mão direita, já que este Orixá é o dono da chave e abertura dos caminhos, na Reza do Ogum, os fiéis dançam com a mão direita como uma espada tocando a mão esquerda, também em uma determina Reza do Ogum todos dançam para os lados como embriagados estivessem representando estarem tomando o Atã, ainda em outra determinada Reza do Ogum representam na dança estarem andando a cavalo e assim por diante conforme cada Orixá.
Dentro da Festa existem rituais específicos que chamaremos aqui de "Axé", como por exemplo:
Axé da Balança:
Se a Obrigação que originou a Festa teve o corte de quatro-pés, deverá ser realizada dentro das Rezas para Xangô a Obrigação da Balança. Neste ritual o tamboreiro para o toque, para que o Chefe da Casa organize a roda, neste momento normalmente o salão esvazia, pois acredita-se ser um ritual muito perigoso, pois, todos dançaram de mãos dadas, todos de frente para o centro da roda, onde calmamente será tocado pelo tamboreiro a Reza específica para este Axé e todos começarão um movimento de abrir e fechar esta roda, acompanhando o toque do tambor que irá acelerando gradativamente e com as mão bem seguras pois se arrebentar a Balança, deverá ser pedido misericórdia para Xangô para que nenhum filho venha a morrer. Neste momento até acabar o toque, se manifesta um grande número de Orixás e todos deverão se manter de mãos dadas até que o tamboreiro encerre a Reza. Somente participa da Balança filhos ou convidados que já possuam a Obrigação de quatro-pé.
Existem ainda outros Axés como por exemplo: Axé do Atã, Axé do Ecó e etc.
Após o Axé do Ecó, que será realizado após as Rezas de Xapanã, onde foi limpado e retirado da Casa todas as impurezas e vibrações negativas, começa o toque para os Orixás Velhos ou Doces, toca-se para Oxum, Iemanjá e Oxalá, terminando assim a Festa.
Normalmente o Batuque começa a meia-noite e estende-se até as seis ou sete horas da manhã, isto também é uma influência dos escravos, já que os negros na época da escravatura podiam fazer seus rituais somente após terminados seus trabalhos para os seus Senhores, ou esperar com que eles fossem dormir.

A posseção

No Batuque, assim como em outras religiões afro-brasileiras, aquele filho que é Cavalo-de-Santo, será possuído somente por seu Orixá de cabeça pelo resto de sua vida, quando o filho está possuído, apresenta as características de seu Orixá, perdendo a consciência de seus atos, não sabe o que diz, nem o que o que faz, pois tudo passa a ser obra de seu Orixá. O Orixá novo (considerado pelo tempo em que se manifesta na terra, até mais ou menos 10 a 15 anos), não possui o direito de falar, só terá o mesmo quando por decisão do Pai-de-Santo ou solicitação do próprio Orixá, a passar por um ritual fechado, que lhe dará o direito da fala. Em hipótese alguma poderá ser comentada a possessão com o Cavalo-de-Santo, este é um dogma do Batuque, o filho jamais poderá saber que se "ocupa" (termo usado quando o Orixá se manifesta).
Quando o Orixá deseja subir, é feito um ritual rápido para que ele seja despachado, devendo o Orixá ficar em "axero". O "axero" e o meio termo entre o estado Orixá e o estado consciência humana, neste momento o Orixá começa a fazer com que o filho volte ao seu estado normal, sem comprometer sua consciência, neste período o Cavalo-de-Santo age sob manifestação ainda do Orixá, como criança, falando na linguagem "tatibitate", (neste momento todos os Orixás, inclusive os novos possuem o direito de falar), comendo doces, tomando refrigerantes, fazendo brincadeiras e dando pequenas consultas à fiéis. Não se pode esquecer jamais que nesta fase, ainda existe a presença do Orixá, que está apenas realizando um ritual para que possa subir sem deixar energias com seu filho, portando o respeito deverá ser o mesmo. Passado o período necessário o axero deita no ombro de algum filho próximo e entra em um sono profundo, ao relaxar o corpo do filho possuído, aquele filho que está fazendo o axero "dormir" deverá bater palmas ou simplesmente, estalar os dedos para que o Cavalo-de-Santo acorde como em um susto, todos disfarçando saem um para cada lado, deixando o Cavalo-de-Santo sozinho.

Obrigações

Bori de ave
Para alguns, a principal obrigação do Batuque. Nesta obrigação, após jogada e confirmada nos Búzios a cabeça e passagens (corpo, pernas, etc) do filho será sacrificado sobre sua cabeça a ave(galo ou galinha e pombo ou pomba) específica de seu Orixá, no seu corpo outra ave correspondendo ao Orixá que cuidará desta passagem. Nesta obrigação o filho-de-santo estreita sua relação com o Orixá, concebendo também uma forte raiz dentro da Nação Batuqueira, tendo em um pote (estilo bomboniere), denominado de Bori, uma moeda, búzios e mel a representação de sua cabeça ligada ao seu Orixá, tornando-se assim um filho da Religião.
Bori de Quatro-pés
Seria uma graduação e maior estreitamento com seu Orixá dentro da Religião, nesta obrigação além das aves, serão sacrificados no Bori também os animais de quatro patas (cabritos, ovelhas, etc) referente a cada Orixá.
Assentamento da Vasilha sobre Acutá ou Alcutá
Assim como a Umbanda tem sua força representada nos vegetais a Nação além disto apresenta a forma mineral para representar seus Orixás. Os acutás, (cada Orixá possui seu modelo e tipo) são pedras colocadas em uma vasilha de barro com as ferramentas de cada Orixá, onde, após o sacrifício de seus animais de pena e quatro patas, será a Sua representação.
Aprontamento de Ofá (Búzios) e Obé (faca)
Nesta graduação o filho-de-santo se prepara para em futuro próximo ser um Pai-de-Santo. Consiste em assentar na vasilha todos Orixás de Bará até Oxalá, o filho então além de ter sua "cabeça" e suas passagens, passa agora a ter todos os Orixás com nome e sobrenome, sento em vasilhas representados em seus acutás e ferramentas. O futuro "pronto" preparará também neste ritual, sua faca, que futuramente usará em sacrifícios para seus futuros filhos e seus búzios, ferramenta esta que usará para guiar a sua vida e dos seus, quando tiver montada sua Casa de Religião.

oxumaré



É representado na forma serpente/arco-íris e suas funções não são fáceis de definir, pois são múltiplas.É o Senhor dos opostos/antônimos: bem e mal, dia e noite, positivo e negativo, etc...DAN é o símbolo da continuidade e é representado pela serpente que morde a própria cauda, formando um circuito fechado, um círculo. Círculo é uma forma geométrica que não tem fim. É contínuo.É o orixá da tese e da antítese.Simboliza também a força vital, do movimento, a ação da eterna transformação. É encarregado de produzir e dirigir forças que produzem o movimento.É senhor de tudo que é alongado: o cordão umbilical é um de seus domínios.É ao mesmo tempo macho e fêmea.Esta natureza dupla é definida pelas cores azul e vermelho que permeiam o arco –íris.Sustenta a terra e a impede de desintegrar-se.É a riqueza e a fortuna.Algumas pedras azuis – NANA ou AIGRY, denominam-se DAN MI. (EXCREMENTO DE DAN) e são deixadas por ele no chão.Entre os yorubás, DAN recebe o nome de Oxumarê (o arco-íris).Sua iyaworisá usa colares de búzios, enfiados de tal forma que se assemelha a escamas de cobras.Acredita-se que Oxumarê é o servidor de Xangô e que seu ofício consiste em recolher a água da terra para leva-la ao palácio de Xangô, situado nas nuvens.Recolhe-a da terra durante a chuva levando-a para nuvens novamente – continuidadeSeu culto objetiva solicitar a Oxumarê que o mundo, a vida não parem...No Brasil a cultura negra, foi continuamente assediada pela colonização branca, impondo através da repressão física e cultural os hábitos portugueses. Com relação a Oxumarê, não poderia ser menos drástico o combate o a seu culto.Para o Cristianismo, não há animal mais peçonhento e maldito do que a cobra, pois ela é o motivo da expulsão de Adão e Eva do paraíso. Devido a esta relação de Oxumarê com a serpente, seu culto no Brasil foi fortemente combatido e distorcido.Há sacerdotes que relacionam o movimento circular de Oxumarê (quando preso à cauda) com o movimento de rotação da terra e seu translado em torno do Sol: a dinâmica da vida e do Universo.Arco-íris/bem/masculino – Cobra/mal/femininoO arco-íris: fenômeno físico é o oposto da chuva que terminou, constituindo-se no reflexo que as partículas do sol, agora brilhando no céu, provocam nos cristais líquidos em evaporação.A cobra: não só pelo movimento circular, mas também pela constante substituição de pele.
Osumare a gbe orun li apa ira(Oxumarê permanece no céu que ele atravessa com o braço)
Seu maior símbolo..........serpente, arco- írisSuas plantas.................dracena (pau dágua ), batata doce, cana do brejo, parietáriaSeu dia...........................quinta-feira Sua cor...........................verde e amarelo, todo o arco írisSeu mineral.....................latãoSeus elementos................terraSaudação........................Arô Boboi ! Domínios:......................fertilidadeComidas:........................batata doce, omolocum, bertalha com ovos; bananaAnimais:........................serpenteQuizilas..........................sal, água salgadaCaracterísticas.................astucioso, adaptável, criativo, inquieto, mutável, tortuoso, inteligente, alegre, vingativo O que faz : ..................dá sorte, fartura e fertilidade. Protege a gravidez Riscos de saúde...............pressão baixa, vertigens, problemas de nervos. Problemas alérgicos e de pele
Arquétipo dos filhos:
Oxumare é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacríficios para atingir seus objetivos. Suas tendências à duplicidade podem ser atribuídas à natureza andrógina de seu deus. Com o sucesso tornam-se facilmente orgulhosas e pomposas e gostam de demonstrar sua grandeza recente. Não deixam de possuir certa generosidade e não se negam a estender a mão em socorro àqueles que dela necessitam.
(Do livro "Orixás - Pierre Fatumbi Verger - Editora Corrupio")
São persistentes e pacientes, não medindo esforço para atingir seus objetivos.São generosos ou avaros, conforme a situação econômica em que se encontram. Agitados e observadores, procuram constantemente o equilibrio e a harmonia. Sua grande força é a eloquencia e a inteligencia, armas que usam com muitas habilidades situação de ataque e defesa .Os filhos de Oxumare estão entre aquelas pessoas que, de tempo em tempo, mudam tudo em sua vida: mudam de casa, de amigos, deemprego, como se os ciclos se sucedessem sempre, obrigatoriamente,exigindo e provocando um rompimento com o passado e iniciando diariamente a busca de um novo equilíbrio que deverá persistir atéum novo momento de ruptura, desintegração e substituição. Elestambém tem certos traços de orgulho e de ostentação, algo que os aproxima do clichê do novo rico exibicionista e costumam possuir odom da vidência.

omolu



Obàluáyê; "Rei dono da Terra" , Omolu "Filho do Senhor", Sapata "Dono da Terra" são os nomes dados a Sànpònná (um título ligado a grande calor - o sol - também é conhecido como ( Babá Igbona = pai da quentura) deus da varíola e das doenças contagiosas, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos. Outra corrente os define como: Obàluáyê: Obá - ilu; aiye; Rei, dono, senhor; da vida; na terra; Omolu; Omo-ilu; Rei, dono, senhor; da vida.Sua dança o Opanijé (cuja tradução é: ele mata qualquer um e come), como um ser doente onde mostra suas feridas, o céu e a terra, sua lenda, em outras danças, dança curvado para frente, como que atormentado por dores, e imitam seu sofrimento, coceiras e tremores de febre.Seu "arma" (emblema) é o Xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra, ao tronco e ramo das árvores, transporta assim o Asé (axé) preto, vermelho e branco. Está relacionado com o axé preto (terra), contido no segredo do "ventre fecundado" e com os espíritos contidos na terra.Na Nigéria os Owo Érindínlogun adoram Obàluáyê e usam, no punho esquerdo, uma tira de Igbosu (pano africano) onde são costurados cauris esó.Sua vestimenta é feita de ìko , é uma fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò, a "palha da costa" , elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados a morte e o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto. É composta de duas partes o "Filá" e o "Azé", a primeira parte, a de cima que cobre a cabeça é uma espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura, o Azé , seu asó-ìko (roupa de palha) é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos, em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia vai um Xokotô, espécie de calça, também chamado "cauçulú", em que oculta o mistério da morte e do renascimento. Nesta vestimenta acompanha algumas cabaças penduradas, onde supostamente carrega seus remédios. Ao vestir-se com ìko e cauris, revela sua importância e ligação com a morte.Sua festa anual é o Olubajé, (Olu-aquele que, ba-aceita, jé-comer ; ou ainda aquele-que-come), são feitas oferendas e são servidas suas comidas votivas, seus "filhos" devidamente "incorporados" e paramentados oferecem as mesmas aos convidados/assistentes desta festa, em folhas de bananeira ou mamona.Tido como filho de Nànà, no Brasil, sua origem, forma, nome e culto na África é bastante variado, de acordo com a região, essa variação de nomes é de conformidade com a região, Obàluáyê/Xapanã em Tapá (nupê) chegando ao território Mahi ao norte do Daomé; Sapata é sua versão fon, trazido pelos nagôs. Em alguns lugares se misturam em outros são deuses distintos, confundido até com Nànà Buruku; Omolu em keto e Abeokutá.Seu parentesco com Oxumare e Iroko é observado em Keto (vindo de Aisê segundo uns e Adja Popo segundo outros), onde pode se ver uma lança (oko Omolu) cravada na terra, esculpida em madeira onde figuram esses tres personagens superpostas, também em Fita próximo de Pahougnan, território Mahi, onde o rei Oba Sereju, recebera o fetiche Moru, três fetiches ao mesmo tempo Moru (Omolu), Dan (Oxumare) e seu filho Loko (Iroko).
Seu maior símbolo..........cajado (xaxará), búzios. Suas plantas.........................cuféia (sete sangrias), erva-de-passarinho, canela de velho, quitoco. Zínia, cravo de defunto.Seu dia...........................segunda-feiraSua cor...........................preto, branco, vermelhoSeu mineral.....................chumbo, barroSeus elementos................terraSaudação........................Atotô! Domínios:......................a terra, as epidemias, a morte.Comidas:........................pipoca, bife acebolado, bolinhos de milho, acaçá, olubajé. Banana da terraAnimais:........................cachorroQuizilas..........................claridade, sapos Suas (proibições) mudam de casa para casa, e de nação
para nação; carneiro, peixe de rio de couro, caranguejo, carne de porco, pipoca, jaca...Características.................reservado, solitário, simples, trabalhador, serviçal, depressivo, doentio. O que faz : .....................castiga com doenças, mas também cura os males. Riscos de saúde...............doenças de pele e problemas nas pernas e coluna.
Arquétipo dos filhos:São pessoas muito teimosas e adora exibir seus sofrimentos daqueles que procuram o caminho mais difícil e mais longo.
São pessoas deprimidas capaz de desanimar qualquer um. Acham que nada vai dar certo, que nada esta bom. Possuem mania de velho como a rabugice.
Gostam da ordem. Não são do tipo que leva desaforo para casa. Podem apresentar doenças de pelo, marcas no rosto. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. Eles adoram irritar os outros.
São amargos, vingativos. Mas possuem qualidades também e não são poucas.
São prestativos e trabalhadores e amigos de verdade.

Nanã


Orixás são elementos da natureza, cada orixá representa uma força da natureza.
Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido, Nanã possui não dois lados, como tantos Orixás, mas sim um Orixá dentro do outro, um conceito que foi sendo gradativamente substituído por outro, dando margem a muita confusão e contestação no jeito de se defini-la.
Nanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela mitologia ioruba, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual República do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.
Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá.
Muitas pesquisas apontam ainda que os iorubas começaram a ter um conceito de Deus Supremo antes inexistente, e que esse conceito pode (fato não comprovado) ser conseqüência da influência dos maometanos do norte da África sobre a população negra mais próxima. Assim Nanã assume, como outros Orixás femininos, o conceito de maternidade como função principal.
É neste contexto, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluaê) e Oxumarê.
Pierre Verger aponta que Nanã, no culto daomeano, teria um posto hierárquico semelhante ao de Oxalá ou até mesmo do Deus Supremo Olorum. Neste contexto, era uma figura feminina mas às vezes também alguém acima das distinções macho e fêmea, pois constituía, num par completo, pai e mãe unificados de todas as coisas, fossem os seres humanos, fossem os Orixás.
Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.
A senhora do reino da morte é, como elemento , a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.
Muitos são portanto os mistérios que Nanã-terra esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã. Ela é considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas. Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus filhos-de-santo e de quem o invoca em geral a mesma e sempre relação austera que mantém com o mundo.
Características dos filhos de Nanã
Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça (mãe no Eledá), pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza, preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural. Nanã, através de seus filhos-de-santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros.
Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela.

Obá


Obá, Orixá africano do Rio Obá, terceira esposa de Xangô.
Guerreira, veste vermelho e branco, usa escudo
e lança escudos e discos.Obá representa as águas revoltas dos rios.
As águas fortes, o lugar das quedas são considerados
domínios de Obá. Ela representa também o aspecto
masculino das mulheres (fisicamente).
Por sua envergadura física e força, tornou-se uma guerreira,
a única mulher capaz de desafiar Ogum para uma luta,
e por ser Obá extremamente forte e destemida,
Ogum se viu obrigado a usar de um truque contra ela,
espalhando quiabo amassado no chão, e atraindo Obá
para aquele canto, onde a guerreira escorregou e
não apenas perdeu a luta como foi possuída
à força por Ogum, que se tornou seu inimigo.Como esposa de Xangô, sempre se sentindo menos desejada
por seu amado que Oxum e Iansã, Obá se esmerava em
agradá-lo com seus pratos cada vez mais aprimorados.
Mas Oxum era sempre a preferida de Xangô.Um dia Obá não se conteve e perguntou a Oxum qual o segredo
de sua sedução. Oxum, que vivia com a cabeça enrolada
em turbantes maravilhosos, disse que havia cortado
a própria orelha esquerda e colocado no amalá
(uma comida à base de quiabo) de Xangô que, ao comê-lo,
por ela se perdera de paixão para sempre.Obá então cortou a própria orelha e a colocou no amalá.
Ao ver Obá com um ferimento no lugar da orelha
Xangô quis saber o que houvera e Obá contou.Neste momento Oxum tirou seu turbante e, mostrando as
duas orelhas intactas a Obá, desatou a rir. Xangô,
zangado com a insensatez de Obá e enojado por ver
sua orelha na comida, expulsou-a de seu palácio e Obá
tanto chorou e teve raiva que se transformou
num rio revoltoso. Na África, no lugar onde
se encontram os rios Obá e Oxum o estouro
das águas é extremamente violento.

ossãe

CORES-Verde e branco.
METAIS-Bronze e ferro.
DIA DA SEMANA- Quinta-feira.
PREDOMINÂNCIA- Folhas, redemoinhos, ervas, remédios homeopatas e alopatas.
SAUDAÇÃO- Ewé ewé ásá!
Ossãe Misterioso, não existe melhor maneira de defini-lo, pois ninguém até hoje sabe ao certo qual é o seu sexo, no entanto é tratado como
cafião.
Senhor das folhas e ervas medicinais, é por benção deste orixá que temos os remédios para a cura ou tratamento de diversas doenças.
Morador da mata, Ossãe é filho de
Oxalá com Nanã, mas foi criado por seu companheiro inseparável Aaajá, tem como irmãos Omulu, Oxumarê e Euá.
Algumas lendas dizem que Ossãe é hermafrodita e que teve uma grande paixão por
Oxossê e por isso dividiu a mata com ele.
Protetor dos farmacêuticos, dos químicos, dos naturalistas e dos homeopatas.



Oxósi



Dia da semana: Quinta-feiraCores: Azul-TurquesaSaudação: Òké Arô! Arô Iê!Elementos: Terra (Floresta e Campos Cultiváveis)Domínio: Caça, Agrucultura, Alimentação e FarturaInstrumento: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré
Oxóssi é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, Orixá da fartura e da riqueza. Actualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao facto de a cidade de Ketu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos deles consagrados a Oxóssi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse facto possibilitou o renascimento de Ketu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé. Oxóssi é o rei de Ketu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Ketu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes.
Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido. A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, Orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência.
Oxóssi é o Orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza. Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, este caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Outras histórias relacionadas a Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidos, são ainda mais imbatíveis. Oxóssi mantém uma estreita ligação com Ossain, com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore. A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou Orixá.Tal como Xangô, Oxóssi é um Orixá avesso à morte, porque ele é a expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
Características dos filhos de Oxóssi
Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão estando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si. São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre.São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas fazem sempre o que querem.
Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade de movimentos, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer.Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos, distraídos e prestáveis, comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo.

Ogum


DIA RITUAL-Terça ou Quinta-feira.

FESTA-13 de junho, dia de Santo Antônio.
CORNo Candombé, Azul anil; na Umbanda, Vermelho e Branco

COLARES-Contas diáfanas, azul-marinho.

INDUMENTÁRIA-Na indumentária, predomina o metal branco brunido: no capacete, na espada, nas perneiras (eventuais), nos largos punhos e braceletes; saia armada; duas faixas largas na cintura (ojás), com um laço na frente.

SACRIFÍCIOS-Bode e galo. (Na África sacrificam-se cães a Ogun).

COMIDAS-Pipoca (doburu), feijão e inhame assados, com azeite-de-dendê. Adalu, Angú com miúdos, Vatapá, Guisado de Carne, Farofa.

GRITO DE GUERRA-Guará-mim-fô !

SAUDAÇÃO-OGUN-IÊ

NATUREZA-Jazidas de ferro, caminhos, veículos.

METAL-Ferro

PEDRAS-Lápis-lazúli, topazio azul.

PERFUMES-Drakkar, silvestre, Eau Sauvage.Como usar: no corpo inteiro, às terças, alternando a cada semana.

TALISMÃ-Fio de miçangas azul-marinho, banhado em água de folha de alevante.

OFERENDA-Inhame assado ou cozido e feijão ferventado, colocado em estrada.
ANIMAL-Cavalo.

BEBIDA-Cerveja Clara.
DOMÍNIO-a reta dos caminhos, as lutas, o trabalho.

ELEMENTO-Terra
PLANTAS-Beldroega, Caruru, Espada de Ogum, Guiné.

PRESENTES FAVORITOS-Flores vermelhas, Velas, Charutos, suas Comidas e Bebidas.

RECEBE OFERENDAS-Nos caminhos e estradas de ferro; no centro das encruzilhadas.

QUINZÍLIA-lugares fechados, Quiabo

SÍMBOLOS-Enxada, Facão, Ferramentas, Martelo, Pá, Picareta, Serrote.

SINCRETISMO-* São Jorge em 23 de Abril * São Sebastião em 20 de Janeiro.No Tarot - O nº 11 fala fala do pecado, um passo além dos 10 mandamentos. Características: força moral, coragem, auto-disciplina, controle, obstinação, violência suave, diplomacia. A mensagem é: As batalhas mais importantes você trava em seu íntimo, com ou sem afeto.
o: excelente alimento. Sem uso ritualístico. Tem um enorme prestígio no tratamento das doenças respiratórias. Usado como xarope põe fim às tosses e bronquites, é expectorante de ação ligeira.
LENDAS
OGUM, Orixá masculino da cultura Iorubá, é o filho mais velho de Oduduá com Yemanjá. Sendo o mais enérgico, ele tornou-se Rei de Ifé, quando Oduduá (fundador de Ifé) ficou cego. OGUM era um guerreiro terrível. Brigou com reinos vizinhos a Ifé, aumentando cada vez mais o seu reinado. Destruiu a cidade de Ará e de Irê.
Em Irê, ele guerreou, matando o rei e instalou seu próprio filho no trono e passou a usar o título de ONIRÊ (Rei de Irê).
OGUM é o Orixá Deus do Ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores, mecânicos, etc...
Em Irê, diz-se que OGUM é composto de 7 (sete) partes: OGUM MEJÉJÉ LOODE/IRÊ (Ogum são sete não só Irê) frase que se refere as sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiram em volta de Irê. Mas sobre as 7 partes de Ogum, existem muitas lendas, entre tantas, duas são as mais conhecidas e o relaciona com Oyá.
A primeira, conta que Ogum preparou-se para ir à guerra; Oyá sua esposa, também guerreira, quis acompanhá-lo. Ogum proibiu-a de seguí-lo. Oyá muito astuta e não querendo por nada deixar de guerrear ao lado do marido, vestiu uma das suas roupas, prendeu os cabelos por baixo de um capacete e seguiu-o. A luta foi muito grande, Ogum estava quase a perdê-la, quando Oyá, levantou sua espada e lutou por ele.
Vencida a batalha por Oyá, Ogum quis saber quem era o garboso guerreiro. Oyá muito orgulhosa, tirou o capacete e soltou os cabelos, Ogum reconhecendo a sua esposa, mais orgulhoso do que ela, não admitindo ter sido salvo por uma mulher, levantou sua espada para matá-la. Oyá ao mesmo tempo também levantou a sua para defender-se. As espadas tocaram-se no ar. Travaram então uma grande luta onde Ogum cortou Oyá em nove e Oyá cortou Ogum em sete.
Outra lenda sobre os 7 Oguns, também relacionada a Oyá, conta que ela era a companheira de Ogum. Oyá ajudava o marido no trabalho de forjar o ferro. Todos os dias Oyá carregava seus instrumentos e ia para a oficina, onde manejava o fole para ativar o fogo da forja. Ora ela manejava o fole, ora ela soprava um vento, para ativar o fogo. Ogum ofereceu a Oyá, pela ajuda que essa lhe dava, uma vara de ferro, semelhante a uma que ele possuiu e que tinha o poder de dividir os homens em sete partes e as mulheres em nove, se por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.
Xangô gostava de sentar-se próximo, a fim de apreciar Ogum bater o ferro, e de vez em quando lançava olhares a Oyá, e esta também olhava Xangô, que era muito elegante. Os cabelos de Xangô eram trançados com búzios como de uma mulher, usava brincos, colares e pulseiras. Sua beleza e seu poder fascinavam Oyá que nada disso via em Ogum. Um dia Oyá fugiu com Xangô. Ogum perseguiu-os. Encontrou-os, brandiu sua vara mágica. Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. Assim Ogum foi dividido em sete e Oyá em nove, recebendo ele o nome de Ogum Mejéje (sete) e ela Yámessan (nove).
O número sete é pois associado a Ogum. O sete está presente em todos os lugares que lhe é consagrado, por instrumentos de ferro em numero de sete, pendurados numa haste horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha e enxó, que são os símbolos de suas atividades.
Outra lenda conta que Ogum, depois de muitos anos, voltou a cidade de Irê. No dia de sua chegada, os habitantes da cidade celebravam uma cerimônia em que ninguém podia falar sob nenhum pretexto. Ele sentia sede, viu vários potes de vinho de palma. Aproximou-se deles e verificou que estavam vazios. Ninguém o saudou nem respondia às suas perguntas. Não foi reconhecido por ninguém. Como sua paciência era quase nenhuma, foi dominado por uma grande fúria. Começou a quebrar, com sua espada, os potes e arrrancar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, reconhecendo seu pai. Por meio de gestos, mandou que servissem a ele vinho e a sua comida predileta, como cães, feijão regado com azeite de dendê.
Enquanto Ogum saciava sua sede e matava sua fome, os habitantes de Irê, já libertos do silêncio, pois a cerimônia que celebravam terminara, cantaram louvores a Ogum, onde o chamavam de OGUM JÉ OJÁ (Ogum come cachorro) o que lhe valeu o nome de OGUNJÁ. Ogum lamentando seus atos violentos, declarou que já havia vivido o bastante. Baixou a ponta de seu sabre em direção a terra e desapareceu pela terra a dentro, com um barulho assustador. Outros contam que ele lançou sua espada no ar e subiu para ORUM, com ela e foi habitar a lua. Antes porém de desaparecer, Ogum pronunciou algumas palavras. Se alguém pronunciar essas palavras durante uma batalha Ogum vem e guerreia por essa pessoa. Mas essas palavras não podem ser usadas em outras circunstâncias, se Ogum não encontrar inimigos diante de si, é sobre o imprudente que sua ira se lançará.
Ogum é sem dúvida alguma, um dos Deuses Iorubanos mais conhecidos, mais cultuado e temido. Às vezes, até mesmo, mais temido do que Exú, sobre o qual, tem total domínio. Como é o filho de Oduduá e Yemanjá, mais velho e considerado o mais antigo Orixá Iorubano, e em virtude de sua ligação com metais, sem sua permissão e sua proteção, nenhuma atividade seria proveitosa; é o dono do obé (faca). Entretanto outros Deuses mais antigos que Ogum, originários de países vizinhos, mesmo assimilados pelos Iorubanos, não aceitavam de bom grado a primazia assumida e concedida a Ogum, por Oduduá. Essas diferenças, até hoje não foram resolvidas e deu origem a conflitos entre Nanã e Ogum, isto porque Nanã, o mais antigo Orixá da Nação de Daomé (uma espécie de Orixalá dos Iorubanos) não aceita o comando de Ogum. Por isso, nenhum animal oferecido a Nanã, podia ser cortado com o obé de metal e sim com o de madeira.
(1) Ogum foi o segundo filho de Iemanjá e era muito ligado ao irmão mais velho, Exu. Os dois eram muito aventureiros e brincalhões, estavam sempre fazendo estrepolias juntos. Quando Exu foi expulso de casa pelos pais, Ogum ficou muito zangado e resolveu acompanhar o irmão. Foi atrás dele e por muito tempo os dois correram mundo juntos. Exu, o mais esperto, resolvia para onde iriam; e Ogum, o mais forte e guerreiro, ia vencendo todas as dificuldades do caminho. É por isso que Ogum sempre surge no culto logo depois de Exu, pois honrar seu irmão preferido é a melhor forma de agradá-lo; e enquanto Exu é o dono das encruzilhadas, Ogum governa a reta dos caminhos.
(2) Quando Ogum conquistou o reino de Irê, deu o trono para o filho e partiu em busca de novas batalhas. Anos depois, ele voltou ; mas chegou no dia de uma festa religiosa em que todos deviam guardar silêncio. Sentindo sede, quis beber, mas o vinho havia sido todo usado no ritual religioso; pediu comida e ninguém lhe respondeu, por causa da proibição religiosa. Pensando que o desprezavam, Ogum puxou a espada e matou todo mundo. Quando terminou a cerimônia religiosa, o filho veio ao encontro de Ogum, prestou-lhe todas as homenagens e ofereceu-lhe um banquete. Quando lhe explicaram o que ocorrera, Ogum ficou horrorizado com seu crime. Cravou a espada no chão e fez com que se abrisse um grande buraco por onde se afundou, tornando-se desde então um Orixá.
(3) Depois que Exu foi expulso de casa pelos pais, ficou decidido que Ogum, o segundo filho, seria o sucessor do pai no governo. Entretanto, Ogum não gostava desse tipo de atividade. Seu prazer estava nas aventuras. Quando substituiu o pai durante uma viagem deste, Ogum deixou de lado as funções de governante, dedicando-se a passeios e confusões com os amigos. Estava sempre se metendo com as namoradas alheias e arrumando brigas. Para mantê-lo sossegado, então, o pai lhe deu o comando do exército e a missão de responder às agressões ao reino e de conquistar novos territórios. Nessas atividades, ele foi muito bem sucedido.

Xangô

Saudação: Cao Cabecile
Número: 06 e seus múltiplos
Cor: vermelho e branco
Guia: vermelha e branco
Oferendas: Amalá
Ferramentas:Balança, machado de duas lâminas, livro, pilão, gamela
Dia: Terça-Feira
Aves: Galo Branco
Quatro-Pés: Carneiro Branco
LENDAS
Como personagem histórico, Xangô teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyó", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian. Xangô cresceu no país de sua mãe, indo instalar-se, mais tarde, em Kòso (Kossô), onde os habitantes não o aceitaram por causa de seu caráter violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente, impor-se pela força. Em seguida, acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kossô. Conservou, assim, seu título de Oba Kòso, que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus oríkì.Dadá-Ajaká, filho mais velho de Oranian, irmão consangüíneo de Xangô reinava então em Oyó. Dadá é o nome dados pelos iorubás às crianças cujos cabelos cresciam em tufos que se frisam separadamente. "Ele amava as crianças, a beleza e as artes; de caráter calmo e pacífico... e não tinha a energia que um verdadeiro chefe dessa época". Xangô o destronou e Dadá-Ajaká exilou-se em Igboho, durante os sete anos de reinado de seu meio-irmão. Teve que se contentar, então, em usar uma coroa feita de búzios, chamada adé de baáyàni. Depois que Xangô deixou Oyó, Dadá-Ajaká voltou a reinar. Em contraste com a primeira vez, ele mostrou-se agora valente e guerreiro, voltou-se contra os parentes da família materna de Xangô, atacando os tapás. Características Positivas: personalidade forte, fala segura, atraentes, falantes, de gargalhada farta. Amantes fervorosos e insaciáveis, alegres, mas de grande responsabilidade e astúcia. Os filhos de Xangô Aganjú são grandes articuladores, fadados ao sucesso. Não são de muito movimento, mas chamam muita atenção pela sua vaidade.Características Negativas: Exigentes, são vingativos e não perdoam uma falha. Acham que só eles mesmo são capazes de realizar algo. Impiedosos, tem o prazer de fazer sofrer. Por falar demais não sabem guardar segredos.O Orixá do fogo e do trovão, Senhor da Justiça, considerado um Orixá vaidoso, que gosta de festas e comemorações. Sua sensualidade atrai as mulheres de modo geral, na Mitologia dos Orixás, Xangô é casado com três mulheres: Oiá, Obá e Oxum. Xangô é o quarto falafin de Oió, e viveu em 1450 A.C., destacando-se pela sua valentia e liderança. Garboso, Xangô é conhecido como o "Dono das mulheres"Este Orixá é sempre lembrado, pelos fiéis do Batuque, em casos de difícil resolução e justiça, já que suas atitudes são sábias e rígidas.

iansã




Iansã é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Oiá. É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara. Iansã costuma ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque Iansã é uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, e o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade. Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Iansã, ela surge quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, e ao mesmo tempo feliz. Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria contagiantes da mesma forma desmedida com que exterioriza sua cólera. Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oiá, pelos africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água. A figura de Iansã sempre guarda boa distância das outras personagens femininas centrais do panteão mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está sempre longe do lar; Iansã não gosta dos afazeres domésticos. É extremamente sensual, apaixona-se com freqüência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão. Foi esposa de Ogum e, posteriormente, a mais importante esposa de Xangô. é irrequieta, autoritária, mas sensual, de temperamento muito forte, dominador e impetuoso. É dona dos movimentos (movimenta todos os Orixás), em algumas casas é também dona do teto da casa, do Ilê. Iansã é a Senhora dos Eguns (espíritos dos mortos), os quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim - seu instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de rabo de um cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal. É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda também a falange dos Boiadeiros.Duas lendas se formaram, a primeira é que Iansã não cortou completamente relação com o ex-esposo e tornou-se sua amante; a segunda lenda garante que Iansã e Ogum, tornaram-se inimigos irreconciliáveis depois da separação. Iansã é a primeira divindade feminina a surgir nas cerimônias de cultos afro-brasileiros.Deusa da espada do fogo, dona da paixão, da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase estou apaixonado, tem a presença e a regência de Iansã, que é o orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado no campo amoroso. Iansã rege o amor forte, violento.
CARACTERISTICAS
Cor-Coral (amarelo)
Fio de Contas-Coral (marrom, bordô, vermelho, amarelo)
Ervas-Cana do Brejo, Erva Prata, Espada de Iansã, Folha de Louro (não serve para banho), Erva de Santa Bárbara, Folha de Fogo, Colônia, Mitanlea, Folha da Canela, Peregum amarelo, Catinga de Mulata, Parietária, Para Raio (Catinga de mulata, Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Açucena, Folhas de Rosa Branca)
Símbolo
Raio (Eruexim -cabo de ferro ou cobre com um rabo de cavalo)
Pontos da Natureza-Bambuzal
Flores-Amarelas ou corais
Essências-Patchouli
Pedras-Coral, Cornalina, Rubi, Granada
Metal-Cobre,Saúde

Planeta-Lua e Júpiter
Dia da Semana-Quarta-feira
Elemento-Fogo
Chacra-Frontal e cardíaco
Saudação-Eparrei IANSÃ
Bebida-Champanhe

Animais-Cabra amarela, Coruja rajada
Comidas-Acarajé (Ipetê, Bobó de Inhame)
Numero-9
Data Comemorativa-4 de dezembro
Sincretismo-Sta. Bárbara, Joana d’arc.
Incompatibilidades-Rato, Abóbora.
Qualidades-Egunitá, Onira, Balé, Oya Biniká, Seno, Abomi, Gunán, Bagán, Kodun, Maganbelle, Yapopo, Onisoni, Bagbure, Tope, Filiaba, Semi, Sinsirá, Sire, Oya Funán, Fure, Guere, Toningbe, Fakarebo, De, Min, Lario, Adagangbará.

Atribuições-Uma de suas atribuições é colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pela linha reta da evolução.

CARACTERISTICAS DOS FILHOS DELA
Seu filho é conhecido por seu temperamento explosivo. Está sempre chamando a atenção por ser inquieto e extrovertido. Sempre a sua palavra é que vale e gosta de impor aos outros a sua vontade. Não admite ser contrariado, pouco importando se tem ou não razão, pois não gosta de dialogar. Em estado normal é muito alegre e decidido. Questionado torna-se violento, partindo para a agressão, com berros, gritos e choro. Tem um prazer enorme em contrariar todo tipo de preconceito. Passa por cima de tudo que está fazendo na vida, quando fica tentado por uma aventura. Em seus gestos demonstra o momento que está passando, não conseguindo disfarçar a alegria ou a tristeza. Não tem medo de nada. Enfrenta qualquer situação de peito aberto. É leal e objetivo. Sua grande qualidade, a garra, e seu grande defeito, a impensada franqueza, o que lhe prejudica o convívio social.Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo. Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, os filhos de Iansã costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas. São fortemente influenciados pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal. Talvez uma súbita conversão religiosa, fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Iansã num dado momento de sua vida. Da mesma forma que o filho de Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior. São de Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida. Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas, a longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões. Têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. Se mostram incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Enfim, seu temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem decência, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados. Mas quando estão amando verdadeiramente são dedicadas a uma pessoa são extremamente companheiras. Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador. Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo.
Cozinha ritualísticaIpetêCozinhe inhames descascados em água pura sem sal. Frite, a seguir, os inhames cozidos e cortados em rodelas no azeite de dendê e separe. No próprio azeite que usou para a fritura, coloque o camarão seco descascado e picado e salsa, de modo a fazer um "molho". Coloque os inhames fritos num prato e regue-os com esse "molho".
AcarajéNa véspera, ponha o feijão fradinho de molho. No dia seguinte, ele estará bem inchado. Descasque o feijão - grão por grão - retirando o olho preto, e passe na chapa mais fina da máquina de moer carne. Bata bastante para que a massa fique leve, isto é, até arrebentarem bolhas. Tempere com sal e a cebola ralada. Ponha uma frigideira no fogo com azeite de dendê e aí frite os acarajés às colheradas (com uma colher das de sopa), formando, assim, os bolinhos. Depois de fritos, reserve-os e prepare o molho: soque juntos a cebola, os camarões secos, as pimentas e o dente de alho. Depois de tudo bem socado e triturado, refogue em uma xícara de azeite de dendê. Sirva os acarajés abertos com o molho, tudo bem quente.
Bobó de inhame Cozinhe os inhames com a casca e deixe-os escorrer para que fiquem bem enxutos. Amasse-os. Ponha o azeite de dendê numa panela, junte os camarões secos, a cebola, o alho, o gengibre, a pimenta e uma colherinha de sal. Refogue bem. Acrescente os camarões frescos, inteiros, e refogue mais um pouco. Junte o inhame amassado como um purê pouco a pouco, às colheradas, mexendo sempre. Cozinhe até endurecer.

LENDAS DE IANSÃ
IANSÃ PASSA A DOMINAR O FOGO
Xangô enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder.
Como os chifres de búfalo vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oià-Iansã
Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos, era Iansã. Ela escondeu a pele num formigueiro e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o no fundo de um depósito de milho, ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-la em casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitando, quando de volta a floresta, não mais achou a sua pele. Oiá recomendou ao caçador a não contar a ninguém que, na realidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da aparição da nova a mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: 'Máa je, máa mu, àwo re nbe nínú àká', 'Você pode beber e comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no depósito (você é um animal)'.Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e, voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: 'Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro.' É por essa razão que chifres de búfalo são sempre colocados nos locais consagrados a Iansã.
As Conquistas de Iansã
Iansã percorreu vários reinos, foi paixão de Ogum, Oxaguian, Exu, Oxossi e Logun-Edé. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Em Oxogbô, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo. Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxossi, seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal (com a ajuda da magia aprendida com Exu). Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar. Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e aprendeu a conviver com os Eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oyó, reino de Xangô, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu muito mais, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração.


IANSÃ GANHA DE OBALUAIE O PODER DOS MORTOS
Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaiê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás. Obaluaiê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Obaluaiê entrou, mas ninguém se aproximava dele, nenhuma mulher quis dançar com ele. Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Obaluaiê e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê (festa, dança, brincadeira) estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas ekedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaiê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaiê, o deus das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.O povo o aclamou por sua beleza. Obaluaiê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Iansã então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o eruexim (o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo). Iansã tornou-se Iansã de Balé, a rainha dos espíritos dos mortos, a condutora dos eguns, rainha que foi sempre a grande paixão de Obaluaiê.

IANSÃ ORIXÁ DOS VENTOS E DOS RAIOZ
Oxaguiam (Oxalá novo e guerreiro) estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente. Oxaguiam pediu a seu amigo Ogum urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Oxaguiam que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a fabricação. Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ogum pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguiam venceu a guerra. Oxaguiam veio então agradecer Ogum. E na casa de Ogum enamorou-se de Oiá. Um dia fugiram Oxaguiam e Oiá, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxaguiam voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Oxaguiam, onde vivia, Oiá soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguiam da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor. E o povo se acostumou com o sopro de Oiá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oiá a forja de Ogum. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso tempestade.

Iemanjá

YEMANJÁ é considerada mãe de todos os demais ORIXÁS OGUM, XANGÔ, OBÁ, OXOSSI e OXUM que nasceram de caso ilícito que teve com IFÁ. NANÃ como vimos, é mãe de OMULU e OXUMARÉ. YEMANJÁ, por sua vez, filha de OLODKUN, ORIXÁ masculino em BENIN, ou feminino em IFÉ, sempre do mar. No Brasil, é muito venerada, e seu culto tornou-se quase independente do CANDOMBLÉ. É representada como uma sereia de longos cabelos pretos.
Rege a maternidade, e é a mãe dos peixes que representam fecundidade. Seu dia à sábado. Nas grandes "obrigações", são oferecidos cabra branca, pata ou galinha branca.
Gosta muito de flores e é costume oferecer-lhe sete rosas brancas abertas, que são jogadas ao mar para agradecimento.
Sua cor é a branca com azul. Usa um ADÉ com franjas de miçangas que esconde o rosto. Leva na mão o BÉBÊ -- leque ritual de metal prateado de forma circular, com uma sereia recortada no centro.
0 tipo psicológico dos filhos de YEMANJÁ é imponente, majestoso e belo, calmo, sensual, fecundo e cheio de dignidade e dotado de irresistível fascínio (o canto da sereia).
As filhas de YEMANJÁ são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros (OMULU).
À deusa das águas recorrem as mulheres que não conseguem engravidar.
Porque é Iemanjá quem controla a fertilidade, simbolizada em seu corpo robusto, forte, em seus seios volumosos e na aparência sensual.
Qualidades, aliás, de todas as suas filhas, que se revelam excelentes como donas de casa, educadoras e mães. Não perdoam facilmente, quando ofendidas.
São possessivas e muito ciumentas. Embora se mostrem tranquilas a maioria do tempo, podem se tornar verdadeiras feras quando perdem a paciência.
Mais do que isso, não perdoam ofensas com facilidade. Intrometem-se tanto na vida dos familiares que chegam a sufocar.
Mas a intenção é sempre das melhores.
YEMANJÁ, por presidir a formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o BORI.
REGENCIAS
AXÉ-Conchas e pedras marinhas, numa vasilha de porcelana azul. Insígnias: uma espada de folha-de-flandres e uma espécie de leque circular, também de folha-de-flandres, com adornos e, no centro, uma sereia recortada.

NATUREZA-mar, foz de rios, enseadas, baías.

METAL-prata

PEDRA-água-marinha

PERFUMES-Fleur de Rocaille, lírio, Syntoma.

COMO USAR-passar no corpo todo antes do banho de mar, ou tomar banho de sal grosso, lavar-se e passar um a cada sábado.

CORazul-claro e prata.

COLAR-contas de vidro transparentes, ou fio de miçangas pingo d’água lavado em água de águas marinhas.
SACRIFÍCIOS- cabra, galinha, conquém (galinha-d’angola) e pato. Gosta de acaçá e de milho branco cozido (ebó) com azeite, cebola e sal.
DIA RITUAL- sábado, juntamente com Oxun.

FESTA-8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, com quem está sincretizada.

Anuncia sua presença com o grito-him hiymim!

SAUDAÇÃO-odôiá!

Oxum


LENDAS
* Certa vez, numa festa de Oxalá, as sacerdotisas dos vários orixás, com inveja da de Oxum, puseram-lhe um feitiço: quando todos se levantaram para saudar Oxalá, ela ficou presa na cadeira e suas roupas ficaram sujas de sangue. Todos riram e Oxalá ficou zangado. A sacerdotisa, envergonhada, tentou se esconder, mas nenhum orixá lhe abriu a porta. Só Oxum a recebeu e transformou as gotas de sangue em penas de papagaio. Sabendo dessa magia, os outros orixás vieram prestar homenagem a Oxum e Oxalá lhe deu a proteção das filhas de santo, que durante a iniciação passaram a usar uma pena vermelha na testa.

* Houve um tempo em que os orixás masculinos se reuniam para discutir sobre a vida dos mortais e não deixavam as deusas participarem das decisões. Aborrecida com isso, Oxum fez com que as mulheres ficassem estéreis e então tudo deu errado na terra. Os orixás foram consultar Olorum e ele explicou que sem a presença de Oxum com seu poder sobre a maternidade, nada poderia dar certo. Os orixás, então, convidaram Oxum para participar das reuniões: as mulheres voltaram a ser fecundas e todos os projetos dos orixás tiveram bom resultado.

* Quando Xangô se apaixonou por Oxum, ela o recusou; então ele tentou violentá-la. Foi impedido por Exu, que os separou, dizendo que eles só poderiam se unir se ela o aceitasse livremente. Zangado, Xangô trancou Oxum numa torre muito alta, dizendo que só a soltaria quando ela o aceitasse. Oxum chorou muito; então Exu passou e perguntou o que acontecera. Sabendo da história, foi correndo levar seu pedido de socorro a Olorum. Este soprou em Oxum um pó que a transformou em pomba; assim, ela pôde voar e sair da torre pela janela.
CARACTERISTICAS DOS FILHOS DELA
O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que são símbolos do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Oiá. Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social.
Sincretismo N.S. da Conceição08 de Dezembro
CaracterísticasBonita, elegante, doce, feiticeira, chantagista, falsa, possessiva. Mãe da Riqueza, da Magia e do Amor. Confere Proteção no Parto e ao Bebê.
COISAS QUE SÃO DELA:
Cor Amarelo-Ouro
Dia da Semana-Sábado
Mês-Maio
Festa-2 de FevereiroSeu axé é o seixo polido na água corrente. O abebé, um abano circular de latão, com
enfeites, é o seu emblema
Domínio-Água Doce
Metal-Latão
Quizília-Abacaxi
Riscos de Saúde-Dificuldades Circulatórias, Hipertensão, Tensão Nervosa
Saudação-Erieiê ! Ô !
Símbolo- Leque (Abebé) com Estrela, Espelho; um coração do qual nasce um rio.
Guia-As contas de sua guia são amarelas.
Astrologia-Rege TOURO e LIBRA. É orixá da fertilidade e da riqueza, símbolo também da sexualidade e por isso mesmo está associado ao signo de Touro. É ainda vaidoso, diplomata, tem muita ambição social, o que o aproxima das características impressas pelo signo de Libra. Corresponde a Vênus. É associada a diversas
Nossas Senhoras.
Pedra-Turqueza
Metal-Ouro
Tarot-Estrela,Esperança, inspiração criadora, otimismo, autocontrole, energia, satisfação.Aponta para a realização dos ideais. São sete estrelas e uma grande no centro, representando a concretização de algo que se deseja muito. O jarro de água sendo derramado significa que uma nova vida começa quando conseguimos realizar nossos ideais.
Local das Oferendas-Rios ou Nascentes
Presentes Prediletos-Adereços, Espelho, Flores Brancas e Amarelas, Perfumes, seus Alimentos e suas Bebidas
Flores-De tonalidade amarelo, lírios de toda espécie, margaridas, flor-de-maio, amor-perfeito, madressilva, narciso, rosa branca ou bicolor.
Frutas-Doces em geral, banana prata e ouro, laranja-lima, viti, sapoti, moranga, jabuticaba.
Bebidas-Doces, ressaltando-se o mel, água de cachoeira, água de coco, champagne, suco de suas ervas e frutas.Perfumes oriundos de suas plantas trazem ao portador um clima de romance, calma e mansidão.
Sacrifícioscabra.
Alimentos-Abará, Banana, canjica, ipetê, ovos, xinxim, uado (pipoca em pó, azeite-de-dendê e açúcar), axoxó (prato à base de feijão-fradinho), mulucum (feijão-fradinho com camarão, cebola e sal), adum (farinha de milho misturada com mel e azeite). Gosta de chupar cana-de-açúcar.

Oxalá



Oxalá é a figura mais respeitada do candomblé no Brasil, por ser, segundo as lendas, o pai de todos os outros orixás. De ocordo com o mito, foi um dos criadores do mundo, tendo recebido de Olorum (Deus Supremo) a tarefa de modelar todos os seres humanos. O esteriótipo a ele associado é o do pai sábio e austero, que tem sob suas mãos todos as decisões sobre a vida dos que o cercam. Ao mesmo tempo que autoritário, é também sensível e compreensivo, pois sua força não se mostra usualmente através da violência, é sim pela capacidade de argumentar e provar que está certo. A ele são feito pedidos de todos os tipos, já que age em todos os campos através de seus filhos, mas é considerado o responsável direto pelo processo de fecundação.

ELEMENTO-Céu
DOMÍNIO-Criação (é o responsável pela fecundação)
COR-Branco
SAUDAÇÃO- êpa êpa babá!
COMIDA-Acaçã de arroz, com mel; ebó de milho branco
DIA-domingo
SINCRETISMO-Jesus Cristo

OXALUFÃ
Oxalufã é o princípio da criação, o vazio, o branco, a luz, o espaço onde tudo pode ser criado, e também a paz, a harmonia, a sabedoria que vem depois do conflito (Oxaguiã). O fim do círculo e o recomeço. Oxalufã é o compasso do terra, Odudua. Caminha apoiado em seu cajado cerimonial, que é o também o símbolo da ligação que ele estabeleceu entre o Orun (o céu) e o Ayê (a terra). O grande pai Iorubá, considerado a bondade masculina.
São muitos os mitos que falam de Oxalá, mas o mais conhecido nos candomblés é o que conta que Oxalá sentia muitas saudades de seu filho Xangô, e resolveu visitá-lo.
Para saber se a longa viagem lhe seria propícia, foi consultar Orunmilá o deus adivinho, seu grande amigo. Este jogou os ikins (casca de caroços de dendezeiro) divinatórios e lhe disse que a viagem não se encontrava sob bons auspícios. E que se ele desejasse que tudo corresse bem deveria se vestir inteiramente de branco e não sujar suas roupas até chegar ao palácio, devendo também manter silêncio absoluto até o momento em que encontrasse seu filho.
E assim fez Oxalá.
Exu, contudo, que adorava atormentar Oxalá, disfarçou-se de mendigo e apareceu no caminho deste, pedindo a ajuda para levantar um pesado saco de carvão que se encontrava no chão. Sem poder responder nada e sendo piedoso, Oxalá levanta o saco de carvão para Exu, mas estando este saco com o fundo rasgado, abre-se e cai sobre Oxalá sujando sua roupa branca.
Exu ri loucamente e se vai..
Prevenido como sempre fora, Oxalá toma banho num rio e veste roupas brancas novamente. E segue seu caminho. Novamente Exu se disfarça e pede ajuda ao viajante, dessa vez para entornar um barril de óleo num tacho.
Sem poder responder para explicar e tendo boa vontade em ajudar, Oxalá levanta o barril e Exu o derrama sobre suas roupas, que desta vez não podiam mais ser trocadas, pois eram as últimas roupas limpas que Oxalá tinha para trocar.
Sujo e cansado, Oxalá vai seguindo seu caminho quando vê o exército de Xangô se aproximar dele, sinal de que estava bem perto de seu destino. Este, contudo, prende Oxalá, confundindo-o com um procurado ladrão. Como não podia falar, Oxalá nada diz e acaba jogado numa prisão durante sete anos.
Neste meio tempo o reino de Xangô entra em decadência: suas terras não produzem alimentos, os animais morrem, o povo fica doente.
Desesperado, Xangô chama um babalaô que ao jogar o ikin lhe diz que todo o mal do reino advém do fato de haver injustiça na terra do senhor da justiça.
Xangô vai então averiguar pessoalmente todos os presos de seu reino e descobre Oxalá pai na prisão. Desolado, coloca o velho pai sobre suas próprias costas e o carrega para o palácio, onde se encarrega de banha-lo e vesti-lo com sua alvas roupas, realizando a seguir uma grande festa.
A cerimônia do candomblé chamada "Águas de Oxalá" rememora este episódio.

OXAGUIÃ
Oxaguiã, também conhecido como Ajagunã, é o conflito que antecede a paz; a revolução que antecede as transformações profundas; a instabilidade necessária ao dinamismo da vida e da sociedade e a busca do conhecimento. Por isso é compreendido como Oxalá moço, enquanto a paz, a tranqüilidade, a estabilidade, a sabedoria são compreendidos como Oxalá velho, Oxalufã. Ele é também guerreiro, e sente prazer em destruir para q o novo se estabeleça.
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça. ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.

FILHOS DE OXALA- pessoas de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita confiança. Seus ideais são levados até o fim, mesmo, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitados.